13/01/2015 11h53 - Atualizado em 17/12/2015 14h39

Três perguntas sobre corrupção e ética

Entrevista do secretário de Estado, Marcelo Zenkner, concedida ao V+ - jornal quinzenal da Vale, de 28 de novembro de 2014 | nº 63

ENTREVISTA

Três perguntas para Marcelo Zenkner

Para o promotor Marcelo Zenkner, e atual secretário de Estado de Controle e Transparência, a Lei Brasileira Anticorrupção Empresarial, em vigor no Brasil desde janeiro de 2014, traz às empresas que agem corretamente a certeza de que sairão vitoriosas em uma concorrência se oferecerem o melhor produto, o melhor serviço e os preços mais competitivos. Em entrevista ao V+, ele falou sobre os principais pontos dessa lei e o papel de cada um no combate à corrupção.

Quais os principais ganhos da implantação desta lei para as empresas e para os empregados?
Em um ambiente negocial limpo e honesto, sairá vitorioso aquele que apresentar os melhores resultados. Se uma empresa se livra da necessidade de pagar propinas e comissões ilícitas, certamente seu lucro aumenta, inclusive baixando o preço de seus produtos e serviços. Aumentando o lucro, aumenta a capacidade de investimento na própria empresa e nos funcionários. Estes, por sua vez, se sentem motivados a produzir cada vez mais e melhor. Paralelamente também melhora a condição do Estado, que pode economizar nas contratações, fazendo aumentar sua capacidade de investir em áreas prioritárias, como educação, saúde e segurança. É importante que se tenha noção da repercussão que a corrupção causa no meio social para que se compreenda a importância que existe no seu enfrentamento.


Como as lições das empresas que agem de forma correta podem ser levadas para o dia a dia das pessoas?
No meio empresarial americano foi desenvolvida uma estratégica que ficou conhecida como Colletive Action. Trata-se de um processo colaborativo e contínuo de cooperação entre as diversas partes interessadas em um determinado objetivo comum. A premissa é muito simples: diante de grandes tarefas, o êxito jamais será alcançado isoladamente. A implementação de um programa dessa natureza no combate à corrupção, como é óbvio, é um ato um tanto quanto difícil, pois terá que envolver o governo, o empresariado e a sociedade de modo geral. Nesse particular, as empresas assumem um papel importantíssimo, pois são elas que têm a experiência, a inteligência, os dados e as estruturas de gestão necessários para criar “ilhas de integridade” ou “zonas livres de corrupção” entre seus funcionários, em suas cadeias de suprimento e distribuição e também entre seus próprios concorrentes.

Qual o papel de cada um (empresas, empregados, cidadãos comuns) no combate à corrupção e à falta de ética?
A ética é um conceito impreciso, que normalmente varia de uma pessoa para a outra. Eu procuro me orientar no sentido de que o comportamento ético é aquele que você adota ainda que ninguém esteja observando. Assim, diante de uma determinada situação, basta uma pergunta: “Se eu agir dessa maneira e minha conduta se tornar conhecida, eu me sentirei desconfortável”? Se a resposta for positiva, esse comportamento não será ético. Trata-se de uma regra muito simples, mas que pode ser aplicada pelas empresas em seus negócios, por seus empregados em suas atividades diárias e pelos cidadãos de um modo geral.

2015 / Desenvolvido pelo PRODEST utilizando o software livre Orchard